domingo, 10 de maio de 2015

Engenheiro elétrico de Sorocaba customiza e desenha carros e motos

Por Ana Carolina Chinelatto

A oficina Old Kick existe há 25 anos. Foto: Arquivo Pessoal

Que o brinquedo preferido de quase todos os meninos é o carrinho, isso não é novidade para ninguém. Mas com o passar do tempo muitos deles mudam os gostos e o carro passa a ser somente um meio de transporte. Isso não aconteceu com o engenheiro elétrico Paulo Cesar de Sousa que continua apaixonado pelos automóveis. O relacionamento entre os dois estava ficando sério e precisava ser oficializado. Há 25 anos Paulo abriu uma oficina de customização em Sorocaba (SP).       
                                                    
O hobby de Paulo Cesar Souza é a customização
de carros e motos. Foto: Arquivo Pessoal
Juntamente com uma equipe de 6 funcionários ele restaura e customiza automóveis. “Existem três tipos de customização: a simples, em que são trocados poucos detalhes como a cor e retrovisores; a mediana, na qual são substituídas as rodas e pneus e a pesada, que mantém apenas o motor original”, relata. 

A oficina Old Kick ainda é pouco conhecida em Sorocaba. De acordo com Paulo, ela tem clientes do Paraná, Acre, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Brásilia.        
                    

                            
O microfone antigo foi transformado em lanterna
traseira. Foto: Arquivo Pessoal

Segundo o empresário, antes de iniciar o projeto é feita uma entrevista com o cliente para entender os gostos dele. Ele conta que algumas características da personalidade são transferidas para o carro, como o caso de um microfone antigo. “Nesse trabalho o cliente era apaixonado por Rockabilly, uma das vertentes do Rock and Roll. Nós transformamos dois microfones em lanternas traseiras”. Ainda de acordo com Paulo, em um outro projeto uma tampa de uma garrafa de uísque com led foi colocada na alavanca do câmbio.

Durante uma viagem que fez à Las Vegas, Estados Unidos, o engenheiro comprou uma miniatura de um carro e decidiu que faria um igual, mas em tamanho real e que funcionasse normalmente. “Meus amigos me chamaram de louco, acharam que eu não ia conseguir, mas deu certo. Há dois anos eu também faço o desenhos dos carros, a gente parte do zero”, diz.

O carro foi construído a partir de uma miniatura trazida de Las Vegas. Foto: Arquivo Pessoal

O empresário garante que os carros que constrói são completamente legalizados. "São feitos testes, é tudo documentado. Nos importamos também com os itens de segurança. Os quatro rodas têm freios e o cintos são de três pontas. Só não conseguimos ainda colocar o air bag, mas eles têm autorização completa para rodar", argumenta.
                                 
Para ter um modelo completamente exclusivo, com os bancos e volantes adaptados para a altura e todos os detalhes escolhidos, o cliente deve desembolsar de 60 à 100 mil reais no caso de motos e de 180 à 350 mil nos carros. O tempo médio para que os projetos fiquem prontos é de um ano e meio.

Viver no interior pode trazer uma qualidade de vida melhor


Por Gabriel Cariello


Jundiaí é uma das cidades mais atrativas
do interior de São Paulo. Foto: skyscraper.com
Muitas cidades da nossa região ainda tem preserva o jeitinho interior de ser: pessoas conversando na calçada,  crianças brincando nas ruas, cheiro de comida caseira, praças como local de entretenimento durante a noite e o principal, a tranquilidade de se viver, sem se preocupar com trânsito, violência e poluição. Porém, muitos reclamam que a vida no interior muitas vezes pode ser pacata demais. Mas é  esse o motivo que às vezes chama a atenção de pessoas de fora. Gente da cidade grande se encanta quando visita uma cidade pequena, seja pela simplicidades das coisas ou até mesmo pela calmaria que proporciona.

Segundo pesquisa feita pela empresa Heads e publicada na revista Exame,  91% de profissionais da cidade grande consideram o interior de São Paulo um lugar atrativo para se viver, trabalhar e estudar. Dentre as cidades citadas pelos entrevistados, Campinas, Jundiaí e Sorocaba encabeçam a lista como as preferidas. Mas qual será o motivo para sair de uma cidade grande e vir para o interior?


Bruna teve problemas com a poluição enquanto
estudava em São Paulo. Foto: Arquivo Pessoal
De acordo com pesquisa levantada pelo Ibope no início deste ano, 57% dos moradores da grande São Paulo estão descontentes com a qualidade de vida, a qual consideram muito violenta, apressada e cara. A estudante de medicina Bruna Gavião conta que a época que estudava em um cursinho pré-vestibular em São Paulo não foi uma boa experiência. “São Paulo é uma cidade que não para. Você tem sempre que estar sempre prestando atenção por onde anda. É muito trânsito, correria, violência. Sem contar na poluição.” O ar poluído fez Bruna interromper os estudos e voltar para sua cidade natal, Itapetininga. “Eu tive broncoespamo (estreitamento das vias aéreas, causando dificuldade na hora de respirar) enquanto estava em São Paulo por causa do ar sujo, o que me obrigou a voltar pra minha cidade.”

No entanto, tem pessoas que pensam o contrário. O bancário Rafael Vieira acha que se daria muito melhor morando em cidade grande. “Como eu gosto de sair bastante, as vezes não encontramos muita variedade em uma cidade pequena. Sem contar que as oportunidades de trabalho são muito maiores em grandes centros, dependendo da área em que você atua”.

Uma qualidade de vida melhor para sua filha fez Emanoela se
 mudar para o interior ainda durante a gravidez. Foto; Arquivo Pessoal
Morar no interior pode ser uma boa alternativa também para a educação dos filhos. A professora Emanoela Raposo se mudou de São Bernardo do Campo para Itapetininga enquanto estava grávida de sua filha Mariana, hoje com 5 anos. “Para mim foi ótimo, porque hoje eu penso que se eu tivesse ficado em São Bernardo, minha filha não estaria aproveitando tanto a infância dela como ela está. Você se sente mais livre morando interior, tem mais contato com a natureza”. Emanoela explica que se sente mais livre e melhor morando em uma cidade menor. "Eu durmo com o barulho do grilo, acordo com os passarinhos cantando e acredito que com o tempo tudo isso vai trazer muitos benefícios para mim e principalmente para minha filha", confessa a professora.

sábado, 9 de maio de 2015

Urso “gigante” faz a alegria de frequentadores de entidade de Sorocaba

Por Ana Carolina Chinelatto

Mais Animado, bem humorado e leve. Assim se tornou o clima no Grupo de Pesquisa e Assistência ao Câncer Infantil de Sorocaba (GPACI) depois de a entidade receber a doação de um urso de pelúcia "gigante". Há aproximadamente um ano, o brinquedo, que caiu de um veículo na Rodovia Raposo Tavares em Vargem Grande, recebeu o título de novo mascote.


Para Evelyn Melissa Araújo de Moura, as crianças ficaram
mais felizes  depois da chegada do novo mascote.
 Foto: Ana Carolina Chinelatto

O Gpação, como é chamado pela equipe de colaboradores do hospital, tem mais de um metro e meio de altura e fica exposto na recepção.  Com a queda, algumas partes foram danificadas e, de acordo com Evelin Melissa Araújo de Moura, psicóloga do GPACI, outras marcas também surgiram, desta vez, por um bom motivo. "As crianças fazem fila para subir no 'ursão' diariamente, eles brincam e não querem desgrudar, por isso ele tem alguns pedaços faltando, é excesso de carinho", brinca.

Mas o urso não faz sucesso só entre os pequenos. Os funcionários e voluntários também se encantaram por ele. Segundo a psicóloga, cada visitante quer ter um registro ao lado do brinquedo. "Todo mundo que vem aqui a primeira coisa que faz é ir até o urso. Mesmo quem já o conhece quer tirar outra foto com ele", conta.

O mascote já faz parte da equipe do Gpaci e Evelin garante que ele recebe o carinho que merece. Atualmente o urso está vestido com um avental e uma bandana feitos pelo grupo Pintura Solidária, mas a psicóloga conta que ele troca de roupas conforme as datas comemorativas. “No natal vestimos ele de vermelho e colocamos uma touca e no carnaval ele estava de máscara. É sempre uma festa para as crianças”.  

Samuel de Campos, 11, quer ficar sempre perto do brinquedo. 
Foto: Ana Carolina Chinelatto

Um dos pacientes que não quer desgrudar do “ursão” é o Samuel de Campos, 11. Há um ano e dois meses ele faz tratamento no hospital. De acordo com ele a presença do brinquedo o deixa mais feliz. “Eu nunca tinha visto um urso desse tamanho. Toda vez que eu venho aqui eu brinco com ele”, relata.                            

O brinquedo caiu de algum carro e foi encontrado no km 42 da rodovia Raposo Tavares, em Vargem Grande, no dia 3 de outubro de 2013. Segundo Luciana Lima, ouvidora da concessionária CCR ViaOeste, o procedimento realizado é aguardar trinta dias após o encontro e se depois desse período ninguém procurar pelo produto, eles o colocam para doação. “Nesse caso alguns colaboradores da empresa colocaram fotos em redes sociais à procura do dono, mas ninguém se manifestou”, explica.  


A CCR ViaOeste em parceria com o projeto Pintura Solidária criou roupas para o urso e por indicação de colaboradores escolheu o GPACI para doar. “Para nossa surpresa no momento da doação descobrimos que o símbolo do hospital é justamente um urso”, finaliza.                        



domingo, 3 de maio de 2015

Livro reúne lendas populares do interior de São Paulo

Por Gabriel Cariello

Quando éramos crianças, morríamos de medo das lendas que nossos pais, avós e até mesmo bisavós contavam. Eram histórias de arrepiar os cabelos, e eles contavam com tanta ênfase que parecia que tinham mesmo vivido essas aventuras. E esses contos foram passados de geração em geração, às vezes aumentando um ponto aqui e ali para deixar a narrativa mais interessante. E para manter viva a cultura do nosso interior as professoras Maria Nunes da Costa Menk e Luciane Camargo reuniram no livro “Lendas de Itapetininga e Região – Revivendo a Riqueza da Literatura Oral do Interior Paulista” (s/editora, 2014), uma série de histórias contadas pelo povo e que até hoje mexem com o imaginário das pessoas.

As autoras Luciane Camargo e
Maria Nunes da Costa Menk / Fonte: Divugação
O livro traz mais de 100 histórias contadas por pessoas de várias cidades da região, como Itapetininga, Sorocaba, Pilar do Sul e Tatuí. Nelas vemos histórias bem conhecidas como o do Saci Pererê, Mula sem Cabela, Boitatá, além de outras que são típicas da região como o Raimundão. “A captação das história foi feita de boca em boca e tivemos um grande acervos de lendas, por isso procuramos selecionar aquelas que refletem bastante a alma do nosso povo”, conta Maria.


A estudante Maria Vitória Simão, 15 anos, comprou o livro logo que foi lançado. “Eu li o livro em uma semana, pois você vai acompanhando lenda por lenda e não consegue parar”. E para deixar o clima ainda mais emocionante, Maria Vitória recomenda que o livro seja lido a noite. “Tem histórias que são mesmo de assustar, então a noite parece que fica mais interessante. Mas nunca leia sozinho em casa!”, aconselha Vitória.

Luciane relata que a importância desse livro é como se fosse um resgate da nossa identidade cultural. “Hoje em dia, as pessoas não tem mais o costume de se reunir como antigamente, de sentar em roda e contar histórias, e as cidades da região também não procuram valorizar esse lado”. Com a divulgação do livro foram feitas ações nas praças e escolas de Itapetininga, com apresentação de peças baseadas nos contos do livro e atividades. “Nós pretendemos que essas histórias não sejam perdidas, já que muitos dos que contaram as lendas já faleceram”.

O Raimundão

"Raimundão", uma das principais lendas,
ilustra a capa do livro. / Fonte: Divulgação
Entre as várias histórias contadas, um dos destaque do livro é a lenda do Raimundão. Para Luciane esta é a lenda mais curiosa. “É a mais conhecida na nossa região, por que ela é contada em diferentes bairros e cidades,  e em cada um deles existe uma versão diferente”.

Leia abaixo um trecho do conto “O Raimundão do Bairro do Cerrado” :

“[...] Um homem montado em um cavalo, com os olhos pendurados, saltados para fora. Ele pede a quem aparece por lá que coloque seus olhos no lugar para que ele possa encontrar sua fortuna, e assim, dará a essa pessoa como recompensa, toda a sua fortuna em ouro que fora enterrada onde ele costumava morar”.

(Lendas de Itapetininga e Região – Página 193)

 Próxima Edição

Luciane e Maria contam que o acervo de histórias é grande que uma possível segunda edição já está nos planos. ”Logo que lançamos o livro, mais pessoas apareceram para contar histórias, então já estamos reservando algumas delas para a próxima edição, só que dessa vez o foco será em lendas mais modernas”, relata Maria.

Os personagens saltaram do livro para o evento de
comemoração de lançamento de 1 ano do livro. Fonte: Divulgação

terça-feira, 21 de abril de 2015

Cuteleiro de Sorocaba fabrica facas de uso exclusivo do Exército Brasileiro

Por Ana Carolina Chinelatto

O facão "onça negra" é de uso exclusivo de militares formados no CIGS
Foto: Ana Carolina Chinelatto

Fabricar uma faca para os militares do exército brasileiro formados no curso do Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS). Esse era o sonho de Ricardo Vilar, que mora em Sorocaba (SP) e é cuteleiro há 23 anos. Em 2005 ele recebeu o convite e no ano seguinte lançou o facão do guerreiro de selva. Além desse, um outro modelo de faca foi desenvolvido para a Brigada de Infantaria Paraquedista, outro segmento do exército.
       
O aço é desbastado para que a lâmina
         seja "afiada". Foto: Ana Chinelatto
Além de Vilar, o cuteleiro Zakharov, que é de Minas Gerais, também fabrica uma peça exclusiva para o CIGS, as diferenças são o tipo do aço, o tamanho e a cor da cabeça da onça, que na do primeiro é preta e do segundo dourada. De acordo com Vilar, a faca do CIGS deve ser funcional principalmente para a sobrevivência do guerreiro, que deve usa-la tanto para o corte da mata densa quanto para a caça. O aço é forjado a uma temperatura de 1.200ºC (veja no vídeo abaixo) e a peça é finalizada com a cabeça de uma onça, que o profissional desenhou e esculpiu inicialmente. O facão carrega símbolos, além de um número de série, por isso é de uso exclusivo de quem se formou no curso. “Muitos militares querem comprar a faca sem terem feito o curso, mas não posso vender. Eu fabrico só o número de peças que é solicitado, cada uma possui um registro”, explica.


  

Um outro modelo de faca do CIGS foi confeccionado em comemoração aos 50 anos do Centro e tem autorização para ser vendido inclusive para civis. De acordo com Ricardo, a peça é personalizada: a lâmina possui 22 centímetros de comprimento, em referência ao número de comandantes e 5 milímetros de espessura em menção ao número de anos.
     
                                                                   
A faca da Brigada de Infantaria Paraquedista foi usada por um bombeiro para
salvar uma família. Foto: Ana Carolina Chinelatto
O cuteleiro conta que muitas peças têm uma história especial e uma das que mais marcou foi a da Brigada de Infantaria Paraquedista – que tem autorização para a venda - utilizada por um bombeiro do Rio de Janeiro para salvar uma família. “O carro tinha caído em um barranco e ele só tinha acesso ao vidro traseiro. Ele conseguiu cortar o vidro com a faca e salvou as pessoas. Eu dei uma nova para ele e a antiga virou o meu troféu”, conta.  

Além das facas de uso militar, Vilar também produz peças para outras finalidades, como para uso em acampamentos, por exemplo. Mas os modelos que o cuteleiro mais gosta de fazer são os artísticos. Esses são únicos, demandam mais tempo e criatividade. “Eu não aceito desenho pronto. Gosto de pensar em cada detalhe e utilizar materiais diferentes. Teve faca que usei coral marinho no cabo e algumas faço detalhes em ouro”, diz.               

                                        
A coleção de Paulo de Souza tem aproximadamente 80 peças
Foto: Arquivo pessoal
O empresário Paulo Guilherme Amerise de Souza aprendeu a gostar de facas com o pai e há 15 anos coleciona armas brancas. Hoje a coleção dele tem aproximadamente 80 peças. “Tenho facas, canivetes e soco inglês. Meu pai era colecionador. Além dessa, também faço coleção de isqueiros ”, conta.   

Paulo conheceu o trabalho de Ricardo por meio de um amigo e adquiriu uma fala do cuteleiro. De acordo com o empresário, uma outra de aço damasco está sendo fabricada. Mas ele não esconde quais são as preferidas. “Gosto muito da Aitor Oso Blanco e da Ka Bar. Os 12 canivetes puma que tenho também são os meus xodós”, finaliza. 



A faca Aitor Oso Blanco é uma das preferidas do empresário
 Foto: Arquivo pessoal

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Xé, correndinho, revertério! Gírias e sotaque do interior fazem parte de nossa identidade cultural

Por Gabriel Cariello

A língua portuguesa é um dos legados deixados por Cabral e companhia assim que colonizaram nosso país. Porém, quando conversamos com nossos amigos lusitanos, temos dificuldade em entendê-la, seja pelo sotaque “bagunçado” ou até mesmo pela diferença no vocabulário (em Portugal, bicha seria fila, rebuçado é pirulito). Mas mesmo aqui dentro de nosso país nós achamos uma dificuldade em entender nossa própria língua materna. Um nordestino não fala da mesma maneira que um carioca, nem um gaúcho fala igual a um mineiro. E aqui, no interior de São Paulo, o que predomina é o sotaque forte, o sotaque “caipira”.


José Lúcio ainda não substituiu o
"tchê" pelo "xé". Foto: Arquivo Pessoal
O nosso sotaque carregado para alguns pode parecer engraçado. A maneira que nós falamos porta (pronuncia-se porrrrta) ou dente (carrega-se o sotaque na sílaba –te) chama atenção de quem é de fora. O estudante de Publicidade e Propaganda José Lúcio dos Santos é de Porto Alegre-RS e mora em Sorocaba há quase um ano e meio. Uma das principais diferenças que José notou na maneira de falar logo que achou na cidade foi o uso do pronome de tratamento. “Nós gaúchos usamos o ‘tu’, e as pessoas aqui de São Paulo usam ‘você’, conta Lúcio. Os paulistas também notaram o seu sotaque logo que perceberam que ele era de fora. “Alguns acham bonito, outros acham estranho, mas com o tempo a gente acostuma. Hoje já consigo falar igual o pessoal de Sorocaba, mas ainda prefiro manter meu ‘gaúchês’”.

De acordo com a professora de Língua Portuguesa Márcia Palomo, os sotaques aparecem em razão de diversos fatores. “Como aqui no interior, tivemos influência dos bandeirantes, europeus e até mesmo indígenas, é provável que a nossa maneira de falar tenha vindo deles”, explica. “Quando ouvimos alguém dizer ‘Nós fumo a algum lugar’ achamos que isso é um traço caipira, ou uma forma errada de conjugar o verbo, o que não deixa de ser verdade,  mas fumo também é a conjugaçao da primeira pessoa do plural do verbo ‘ser’ em italiano no passado, o que pode ser um resultado da influência de diferentes povos no nosso jeito de falar”.

Para Márcia Palomo, o nosso modo de falar pode ser
 influência de vários povos. Foto: Gabriel Cariello
Outra fator relevante na nossa maneira de falar são as gírias. Mas Márcia alerta que nem tudo é gíria. “Gíria é um vocabulário específico de um grupo social, é não um modo de falar ou uma forma de se expressar.” Uma das gírias mais ouvidas no interior de São Paulo é o ‘xé’, usada para demonstrar negação ou surpresa a algo. “Quando ouvi o ‘xé’ pela primeira vez, achei muito engraçado, mas também me lembrou o ‘tchê’ que falamos muito no sul”, lembra o estudante José Lúcio. Conjugar o gerúndio no diminutivo também é bem comum por aqui: “Hoje eu vi aquele menina andandinho pela praça”, ou seja, andando de forma lenta ou calmamente. Além disso, ouve-se bastante dizer que “foi uma gastura fazer esse trabalho” quando algo é muito cansativo.

Não se sabe de onde vem exatamente uma gíria, mas elas se espalham com facilidade e entram na rotina. Dizer por exemplo que está “chovendinho” ou ir “correndinho” a algum lugar, pode se tornar um vício na linguagem. Márcia alerta que o uso excessivo de gírias pode atrapalhar na comunicação. “Principalmente quando você conversa com pessoas que são de fora, que não tem conhecimento dos seus costumes, elas podem te entender de maneira errada, então é preciso tomar cuidado para não usá-las exageradamente”.


E você conhece algumas gírias do nosso interior? Castele algumas gírias abaixo para sua conversa não virar um forfé! Dá um clique nelas e confira!





sábado, 4 de abril de 2015

Super-heróis entregam pizzas em Sorocaba

Por Ana Carolina Chinelatto

Possivelmente você já deve ter visto o Batman nas telas enfrentando os inimigos e percorrendo as ruas de Gotham City com o Batmóvel, mas já viu ele andar de moto pelas ruas de Sorocaba (SP) entregando pizza? Ele não é o único! O Robin, o Hulk, o Wolverine e o Lanterna Verde estão há cinco meses no novo emprego, nas horas em que ninguém corre perigo.  


Quando chega a noite, Felipe Prado e Danilo Oliveira
vestem seus uniformes e se preparam para tentar acabar
com  a fome em Sorocaba.  Foto: Ana Carolina Chinelatto
Quem conseguiu a proeza de convencer os personagens a entregar pizza no tempo livre foram os amigos Danilo William Gomes de Oliveira e Felipe Prado. Desde que cursavam Comércio Exterior juntos eles já tinham o espírito empreendedor, porém a ideia de vender bijuterias pelo preço que o cliente quisesse pagar não deu muito certo. Ao ver uma reportagem na internet, Danilo teve a ideia de abrir o novo negócio: vender pizza fantasiado de super-herói. “Eu vi uma matéria sobre crianças que se iam ao hospital fazer tratamento de câncer vestidas de super-heróis e assim se sentiam mais fortes para enfrentar a doença. Então eu pensei em entregarmos vestidos assim e discuti a ideia com o Felipe”, conta.

A brincadeira começa com a ligação do cliente. Quem está na recepção atende o telefone e se identifica como um dos personagens:

- Boa noite, Wolverine falando, qual é o seu pedido?
Felipe conta que dessa maneira conquista a clientela. "Quando falamos o nome do herói quase sempre as pessoas riem. Assim a relação fica mais descontraída e o gelo se quebra", explica.

A criatividade dos empresários não para por aí. O cardápio também é diferenciado e oferece pizzas com nome dos heróis. A de atum, por exemplo, leva o nome do Aquaman e a baiana, Tocha-humana.



As crianças esperam fantasiadas. Foto: Arquivo Pessoal
Cerca de 80% dos pedidos vêm de casas com crianças. Os empresários afirmam que com os pequenos a diversão é garantida e que muitos deles, esperam caracterizados. “Tem criança que escreve carta para nós, que abraça e não quer soltar e as que ficam fantasiadas para tirar foto. Uma vez fui de Lanterna Verde e o menino perguntou se eu fui buscar a pizza dele no espaço”, brinca Danilo.


Conrado Brégula, 7 anos,  foi surpreendido ao ver Robin e 
Lanterna Verde como entregadores de pizza. Foto: Arquivo Pessoal

A primeira vez que Cristiane Brégula viu o anúncio do estabelecimento em uma rede social quis fazer o pedido, pois sabia que o filho Conrado de 7 anos ficaria surpreso. Segundo a assistente financeiro, o primeiro personagem que fez a entrega foi o Superman e a reação do  menino foi melhor do que a esperada. “Meu filho ficou enlouquecido! Ele achou um pouco estranho, pois nunca tinha ouvido falar que ele (o super-herói) entregava pizzas, mas achou o máximo e quis tirar foto”, lembra.

Mas não são só os pequenos que ficam felizes com a presença de um super-herói. De acordo com Felipe, muitos adultos, principalmente quando estão reunidos em grupos, fazem o pedido. “Normalmente eles pedem o Batman e o Robin e é sempre uma festa. Nos convidam para entrar, bater um papo e é claro, tiram muita foto",  revela.                                                                                                                                                                        
Segundo Felipe, é a entrega é sempre emocionante, mas a mais inusitada que eles fizeram foi em uma balada que fica no bairro Campolim. Ele contou que a pizza foi um pedido de um famoso dj que fazia a apresentação da noite. “Nós entramos na balada fantasiados e passamos pelo meio da pista, foi uma experiência incrível”, relata.